segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Coversas de Elevador



Com a senhora do 11, que roubou minha bola de futebol quando um amigo meu a jogou em sua varanda, um tempo atrás.
-Bom dia
-Oi. Ahamnn!Cof!Cof! - ela responde tossindo.
Afasto um pouco.
Silêncio
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7
6
- Ahamnn!Cof!Cof!
É nessas horas que você começa a contar os segundos demorados por andar. Pensa em quantos minutos a pessoa que mora no 15° andar demora pra chegar até sua casa saindo da garagem. Pensa nas pessoas que ficam todas desesperadas quando estão perdendo hora e ficam puxando a porta do elevador que teima em demorar pra fechar.
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2
Será que no futuro existirão outros métodos mais eficientes de transporte vertical? Encarnado o espírito Calvin de pensar, as pessoas poderiam descer em cápsulas por um sistema de canos, como os que aparecem nos desenhos do Frajola em que esses sistemas mandam cartas e recados em um hotel.
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O elevador para. A porta abre. Ela desce.
-Tchau
-Tchau.
Sorriso amarelo.
Cara fechada.

Com o tiozão dos churrascos de sábado a tarde, que canta “Eu nasci há dez mil anos atrás” do Raul no videokê no último volume (uma das mais horrendas invenções da humanidade, perdendo apenas armas químicas e biológicas).
-Aoba! E ai? - ele começa.
-Tudo bom.
-Viu conta para o seu pai que agora o Corinthians vai mudar de patrocinador.
-Ah ta.
-E então?
-Então o quê?
-Sabe qual é o patrocinador?
-Ah não, qual é?
-A Volkswagen, porque eles estão precisando de alguém para ensinar a fazer gol. Huahuahuahuah.
-Heheheh, mas o meu pai não é corinthiano.
-Ah não?
-Não.
-Seu pai não é o Renato?
-Não, meu pai é o Paulo.
-Ahmnnn, me desculpa então.
-Beleza, não foi nada.
...
O elevador para. A porta abre. A gente desce.
-Tchau
-Falou

Com o síndico
-Tarde
-Tudo bom? - eu respondo.
-Tudo. Viu, a dona Marta do 101 andou reclamando comigo por causa do som alto.
-Tudo bem, heheheh, vou maneirar.
Problema sem solução. Caso encerrado. Silêncio.

Com o cara que é vendedor, do 104.
-Oh, e ai? -ele começa.
-Tudo bom.
-Ah, só esse calor que tá matando hein?
-É verdade.
-Vi na previsão do tempo que vai melhorar só na quinta.
-Nossa...
-É, nessas horas é bom ter um ar-condicionado.
-É...
-E você tem?
-Tenho sim.
-Humm, e nunca deu problema?
-Não, acho que não.
-Ah, mas então toma meu cartão aqui e se der algum problema, algum dia, você pode dar uma ligada que eu faço uma avaliação sem cobrar nada.
-Eu já tenho um deses.
-Não, pode ficar com dois, não tem problema.
-Tá bom.
Lá em casa já devem ter uns cinco desses. Ou o cara ganha comissão com cartões ou está precisando tomar um ginkgo-biloba.

Com a gostosa do 52. Sábado à noite.
-Oi - eu começo.
-Tudo bom?
-Tudo
-Vai sair com as amigas?
-É, eu ia né, só que o pessoal não quer ir comigo...
-Hum, então...
-... justo hoje que ia ter um show do Molejo no pagode do Sergião.
Ia dar uma sambadinha, mas como estava com a camiseta do AC/DC além de ridículo ia ficar pouco convincente
-Ah legal. - eu disse.
-É, então tchau.
-Tchau.
Maldição!

O Falcão e o Morcego



Nunca quis fazer deste blog um instrumento de reclamações. Textos cheios de fagulhas estão por aí aos montes. Mas agora tinha que dar espaço aos meus pensamentos que vão contra o esquema que rege a indústria de cinema americano ultimamente.
Muitos do que penso pode ser lido nesse texto do Judão Blogs , à respeito da reciclagem à exaustão de idéias que deram certo no passado ou em outras mídias, como nos quadrinhos, videogames e até mesmo na TV, resultando muitas vezes em filmes que nem se preocupam em manter alguma fidelidade com o conteúdo original, a não ser o nome, a marca.

Recentemente assisti "O Falcão Maltês" de John Huston e com Humpfrey Bogart (o famoso Rick de Casablanca), tido como o primeiro filme noir da história. Durante o filme é possível perceber na precisão de movimentos e falas, Atuações imponentes e roteiro afiadíssimo. Um filme charmoso e estético. Um estilo que perdeu boa parte da importância no final da década de 60, quando as ruas e o realismo visceral tomou conta das grandes produções de relevância artística do mainstream hollywoodiano, com Martin Scorsese, Brian de Palma, Sam Peckinpah, entre outros. É claro que eu não estou desmerecendo estas produções e estilo de filmar, das quais também sou fã, mas o tom clássico da história do detetive Sam Spade é cada vez mais raro nos dias de hoje.
Num cinema tão explícito e tecnológico, nuances de interpretção acabam perdendo importância.
Repare em alguns atores que ganharam o Oscar de uns anos pra cá, como Adrien Brody e até mesmo Forrest Whitaker, se viram em produções de qualidade duvidosa em suas seguintes atuações. Diferentemente de Daniel Day Lewis que se sempre se preocupou com o conteúdo artístico antes de escolher seus trabalhos. Preocupação que o levou a ganhar pela segunda vez o Oscar de melhor ator por Sangue Negro, filme este, que resgata o estilo que citei anteriormente. Para entender o que digo basta assistir ao filme e acabar impressionado, não com uma reviravolta impressionante ou com efeitos especias, mas com o poder das atuações e pelo talento do diretor.

Mas como já disse uma vez, aqui mesmo nesse blog, também gosto de blockbusters que cumpram bem o dever de entreter e divertir. Mas há também um problema com este tipo de produção.
Recentemente, acabou-se por surgir uma certa divisão meio esquista entre a maioria dos lançamentos do cinema. É mais ou menos assim:
- Produções superviolentas e/ou de terror, destinados à adultos mas que a mulecada acaba assitindo.
- Filmes medianos, geralmente de aventura ou policiais, nos quais os estúdios reduzem suas censuras para 13 anos mas mantém um teor adulto para alcançar o maior número de pessoas possíveis(o que infelizmente acabou acontecendo com Max Payne).
- E desenhos, destinados às crianças, mas que alguns adultos acabam assistindo.
O problema não está no primeiro e no terceiro grupo, porque a mulecada sempre vai acabar assistindo à filmes de terror, nem que escondidos dos pais; e também não há problema nos adultos assitirem os desenhos, já que os mesmos estão sendo feitos, cada vez mais, com uma qualidade singular.
Mas o terror e os desenhos são extremos, o problema se encontra no grupo do meio.
Vou mecher no vespeiro e tomar como exemplo o "Cavaleiro das Trevas". O filme é bom? Inegavelmente.
E sem sobra de dúvidas é um filme adulto, como o próprio tom do filme, cru e brutal, nos dá a entender. Só que quando o assisti pela segunda vez, fiquei com a sensação que o filme foi feito com o pé no freio. Essa suavizada em cenas mais pesadas e violentas, que um poucos mais fortes poderiam ter aumentado a carga dramática e realismo do filme, me passa a impressão que a liberdade criativa do diretor foi podada para que o filme se adequasse a classificação "indicativa" que os produtores desejavam que o mesmo alcançace. Dizem que o filme tem chances na corrida pelo Oscar, mas provavelmente o pessoal de lá vai levar em conta o que eu vos digo e quem sabe premiará Heath Ledger como ator coadjuvante. Clássicos do cinema não se preocupam com nenhum tipo de censura.

Outro problema que envolve esse meio, é a falta dos filmes matinê que existiam nos anos 80, até a metados dos 90 e que hoje são classicos de Sessão da Tarde. Filmes que não apelavam para efeitos especias como atrativo e que tinham histórias BOAS e voltadas para a mulecada. Ou você acha que o filme bomba do Dragon Ball que vem por aí será lembrado como Goonies é lembrado até hoje pelas pessoas que o assitiram na infância e que guardam tanto carinho pelo filme. Os filmes pop de hoje são descartáveis.

Mas em outra coisa me paira uma dúvida.
Há uma certa incorência nos padrões de censura nos dias de hoje em relação com os de alguns anos atrás. Nunca foram lançados nos grandes cinemas de circuito, filmes com um teor tão alto de violência, que estão presentes nos Jogos Mortais, Albergues e até no Rambo IV. Um grau de violência impensável uns 20 anos atrás. Para perceber isso é só assistir "O Massacre da Serra Elétrica" de 74, que na época fez um escândalo imenso mas que se apoia mais no terror psicológico do que na violência explícita para dar medo, o que faz muito bem. Mas o que quero dizer é que enquanto os orgãos de censura deixam que carniceiros passem tranquilamente dando-lhes uma censura 18 anos e pronto, não deixam que uma gota de sangue seja mostrada em filme de censura 13 anos. Quem já assistiu a trilogia do arqueólogo Indiana Jones sabe que pessoas morrem à torto-direito com um sanguinho aqui e alí, cabeças explodem e corações são arrancados com a mão, mas que na epóca ganharam censura 13 anos. Numa época em que a violência que eu citei anteriormente não existia. Entenderam a incoêrencia? O que eu penso é que um rapaz de 13, 14 anos tem tranquilamente maturidade para assitir os filmes de Indy e reprovo a violência gratuita e excessiva de alguns filmes lançados ultimamente.

Por isso tudo caros leitores façam uma forcinha e não alguem qualquer porcaria que estiver numa prateleira de lançamentos e dê uma pesquisada por aí, porque a qualidade não some com o tempo. Qualquer dúvida pergunte ao balconista!





-E aí? O quê você achou?
-Ah meu, eu curti - respondeu o Edu - só não gostei que você falou mal do Batman, que é um puta filme.
-Hehehehehe, eu não falei mal meu, eu só disse que podia ser melhor.
-Ah tá, nada a ver né. Mas cara, eu acho que eu sei porque isso de os caras da censura não deixarem que tenha sangue nos filme de censura 13 anos.
-Por que?
-Porque os caras vêem que os filmes de terror tão exagerando e se eles liberarem sangue para os outros, vai acabar dando merda.
-Pode ser.
-E otra coisa, esse conselho que você deu, de consultar o balconista, às vezes pode não dar certo, porque tem cada cara tapado por aí que não sabe nem quem é o Quentin Tarantino.
-Melhor do que não saber quem é o Martin Scorsese!
-E porquê? O Tarantino não é tão foda quanto o Scorsese? - disse o Edu indignado.
-Eu curto o Tarantino, mas o Scorsese é um artista, cara.
-O Scorsese é um ótimo diretor, mas nós estamos falando de quem é o mais foda.
-Nem vem, o mais foda é o David Lynch - Ana veio correndo do fundo da loja para retrucar.
-O David Lynch só fez Veludo Azul - o Edu diz para atiçar a Ana.
-E o Tarantino só fez Cães de Aluguel!
-E Pulp Fiction não foi nada né?
-Oh pessoal, vamos dar um tempo aí, vai - eles sempre tem que discutir...
-Já parei, já parei. Hey Johnny, o que você tá escrevendo aí?
-Um post pro meu blog.
-Você nunca falou que tinha um blog. Posso ler?
-Pode.

Ela lê.

-E aí? - eu pergunto.
-Não gostei que você falou mal do Batman...
E o Edu ri da minha cara.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Quando A Música Faz Muita Diferença - 3 - Os Embalos de Sábado à Noite


Para quem nunca assistiu ao filme, tudo se trata de uma caricatura dos anos 70, com as disco clubs e as dancinhas com o dedo levantado para cima. Mas estes se enganam.
Quando assisti ao filme achei estranho o seu clima bem depressivo, apesar de toda a pompa das cenas de dança que o deixaram famoso. E o mais engraçado é que não há uma dramaticidade exagerada no filme que mostra problemas totalmente plausíveis e cotidianos da juventude. Tudo bem que uma hora ou outra o filme desanda para um lado meio “dramalhão”, mas não chega a parecer uma novela e acaba de um jeito meio esquisito: nem feliz nem triste, apático.
Muitos podem até acabar achando um filme meio brega, mas para quem gosta de uma boa trilha sonora, o filme é um prato cheio. Com os Bee Gees no auge, a cena que abre o filme onde Tony Manero (John Travolta) anda todo “estiloso” ao som de Stayin' Alive, imortalizou a música, que virou hino dessa época.
E uma curiosidade, o tal do passo que virou clichê, do dedo para o alto, é executado várias vezes no filme, mas nenhuma com Stayin' Alive de fundo.

Vídeo:

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cult



Você já deve ter ouvido falar. Leu em algum lugar ou viu em alguma prateleira por aí. Mas como toda definição, o “cult” não é um consenso unânime.
Tem gente que diz que filme cult é um filme alternativo, fora de circuito. Acabam classificando filmes não hollywoodianos automaticamente como cult. Tem gente ainda, que diz que o cult é um filme inteligente, com histórias não usuais, que ganha áurea de intelectual.
Durante minhas andanças cinematográficas, assistindo e lendo sobre filmes, um certo grupo de filmes sempre me chamou a atenção. Filmes que não tinham a pretensão de serem consagrados pela critica, que não tinham a intenção, na maioria das vezes, de arrecadar milhões e milhões de dólares. E é dessa despreocupação com esses aspectos que fazem gerar a grande indústria do cinema, que nascem pedras brutas que se tornam adoradas por um pequeno, mas fiel grupo de pessoas, que as vêem como pequenas jóias.

Isso é um filme cult. Filmes, que encontram o repudio dos estudiosos do cinema e o desprezo da massa, mas que encontram redenção nas pessoas que se agradam com uma idéia diferente.
Cult não é um gênero como comédia, aventura ou terror, é um adjetivo que se ganha, na maioria das vezes com o tempo. Ninguém faz um filme para que ele se torne cult. E se faz pode ter certeza que ele nunca será tão bom quanto aquele, que se tornou por “acidente”. Mesmo porque, a maioria dos filmes que foram agraciados com esse adjetivo, foram feitos por alguém que julgou ter tido uma boa idéia e a transformou em filme por diversão, um filme que ele mesmo queria assistir, e por crer que em algum lugar, alguém ia se divertir também.

Mas para entender e saber que filmes são, (porque o cult tem uma “cara”) só conhecendo alguns.
The Rocky Horror Picture Show é quase uma autodefinição do cult. Filmado como uma homenagem aos filmes B e de ficção dos anos 50 e 60, começa com a história de um cientista psicopata, travesti e de outro planeta, que “seqüestra” um casal que bate a porta de sua mansão quando o carro em que viajavam, para a lua-de-mel, fura o pneu numa noite chuvosa. Tudo é contado, ainda por cima, como um musical de baixo orçamento.
O filme foi um fracasso de bilheteria, mas começou a ganhar fama no boca-a-boca das sessões de meia-noite em Nova Iorque. Logo, uma legião de fãs começou a se encontrar todos os finais de semana, fantasiados como os personagens e cantando todos as músicas do filme em coro. Depois vieram peças de teatro, convenções, re-estréias, e produtos do filme, que se mantém firme até hoje em popularidade, tanto que haverá uma refilmagem do filme pela Fox e MTV para o ano que vem. E tudo isso para um filme que muita gente nunca ouviu falar.
Outro filme que se tornou consagrado, principalmente no meio dos roqueiros, foi This Is Spinal Tap.
Spinal Tap é o nome da banda fictícia, que ganha um documentário sobre o lançamento de seu novo cd, depois de um tempo de esquecimento, querendo voltar ao topo. E assim, tudo se torna um retrato “nem tão exagerado” de uma banda de rock em decadência, uma ironia de uma hora e meia para mostrar os roqueiros em situações ridículas e embaraçosas. Tudo baseado em histórias curiosas e toscas que permeiam o estilo musical.

Além da comédia, outro gênero comum, senão o mais, entre os filmes cultuados é o terror. É aqui que os diretores podem fazer o que bem entenderem, doa quem doer. Então dá-lhe muito sangue, tripas, sexo, escatologia, monstros, zumbis, aberrações e as mais incontáveis atrocidades para contentar os sedentos fãs do bizarro.
E nessas qualidades encaixa-se perfeitamente a pérola máxima do trash, Toxic Avenger. Mas nesse caso, o filme já foi pensado para ser esculhambado e a comédia “involuntária” vem dos absurdos propostos pelo enredo e pelo jeito charmoso de ser mal feito do filme. A Troma, produtora do filme, se tornou especialista no gênero, onde quanto mais tosco melhor e o vingador tóxico seu ícone, como o super-herói do underground.
Outros filmes que se apóiam nas bases do trash, mas nem tanto, são os da série Evil Dead. Conhecida aqui no Brasil como Uma Noite Alucinante, um título deveras engraçado e “muito literal”. O primeiro filme, do agora famoso diretor da trilogia do Homem Aranha, Sam Raimi, foi muito aclamado no meio do terror, recebendo muitos elogios do mestre do gênero Stephen King (apoio esse, responsável pelo seu sucesso) e ganhou duas continuações mais divertidas que o pesado primeiro filme. Tudo bem que não são nenhuma comédia de sessão da tarde e zumbis sanguinolentos explodem na tela, mas é impossível não se divertir, mesmo no clima tenso, com Ash, o herói da serie, perseguindo sua própria mão que ganha vida depois de ser arrancada pelo próprio. A segunda parte, além dessa e outras pitadas de humor negro, conta com o carisma e com as caretas do ator Bruce Campbell (que se tornou um fenômeno cult ele próprio), mais confortável com o papel do que no primeiro, sendo assim, a parte mais divertida e aplaudida pelos fãs.

Mas nem só de “porcarias” vive o cult. Laranja Mecânica, Blade Runner e Monty Phyton - Em Busca do Cálice Sagrado são clássicos consagrados, mas não deixam de fazer parte do meandro do cult. O filme do famoso grupo inglês Monty Phyton rivaliza, por muitos, com Quanto Mais Quente Melhor de Gene Wilder e Dr. Fantástico de Stanley Kubrick, como a melhor comédia de todos os tempos, além de ser um dos melhores filmes ingleses da história. Lista esta, em que Laranja Mecânica, também de Stanley Kubrick, estaria. O filme teve a exibição proibida na Inglaterra durante anos e causou muita polêmica no mundo inteiro, mas foi uma das obras mais influentes do cinema. Seus fãs estão de montes por ai e fazem questão de mostrar o amor ao filme de Stanley Kubrick em músicas, pinturas, camisetas e tatuagens. Já o filme de Ridley Scott foi um caso a parte. Na época de seu lançamento foi recebido a pedradas pelos críticos e o publico não entendeu, mas encontrou seu espaço entre os fãs de ficção cientifica e só depois de anos, a alta roda do cinema viu a cagada que fez e re-classificou o filme como obra de arte.
Vou deixar aqui uma lista do que considero os filmes cult mais legais que já assisti e uma pequena explicação para os que não foram citados anteriormente, por se tratarem de filmes mais desconhecidos.
Alguém pode sentir falta de grandes cult como por exemplo Plano 9 no Espaço Sideral, considerado o pior filme de todos os tempos, mas ele não está na lista porque já o assisti (ele foi lançado aqui no Brasil em DVD) e achei que ele é bem ruim. Mesmo.
Então, clique aqui para ver a lista da Entertainment Weekly Magazine e aqui para ver a do Boston Globe em que os filmes constam em ordem de “cultuação”.


RST Vídeo Recomenda: Filmes Cult
- Rocky Horror Picture Show
- Uma Noite Alucinante 2 (Evil Dead II)
- This is Spinal Tap
- Vingador Tóxico (Toxic Avenger)

- Fervura Máxima (Hard Boiled)
Não se assuste pelo nome, não se trata de um suspense com a Ana Maria Braga. O filme é a obra máxima do diretor John Woo e foi responsável pela sua ida à terra do Tio Sam. Nele, o diretor refina sua arte da violência estilizada e de conflitos morais das personagens ao máximo criando um filme tão cultuado quanto copiado. Tudo isso numa história simples, que nas mãos de outro poderia ter se tornado um policial qualquer.

- O Balconista (Clerks)
Primeiro filme do nerd master Kevin Smith. Filmado em preto e branco e com míseros 30 mil dólares ganhos com ajuda de amigos e com a venda da coleção de gibis de Smith, o filme se passa quase inteiramente na loja de conveniência onde trabalha Dante, um pacato e azarado balconista, que passa o dia conversando com o amigo Randall, que trocam idéias sobre a vida e cultura pop. Parece chato, mas não é, se você é fã de um roteiro bem escrito.

(Estes dois também entraram na lista de recomendações de filmes dos anos 90, então não preciso dizer que gosto muito de ambos).

- Guerreiros da Noite (The Warriors)
O filme causo um grande rebuliço antes mesmo do lançamento por tratar de um tema delicado. A guerra entre gangues. Mas o filme, que poderia ter se tornado muito violento, acabou pegando um caminho mais de aventura, onde acompanhamos a gangue dos Warriors fugindo para casa, depois de serem acusados injustamente de matar o líder da poderosa gangue dos Riffs. Tudo ao som de uma ótima trilha oitentista.

- Eles Vivem (They Live)
Filme do famoso diretor John Carpenter, responsável pelo clássico do terror Halloween e pelo filme matinê Aventureiros do Bairro Proibido, conta a historia de Joe Nada, andarilho que descobre óculos de sol capazes de ver uma terrível ameaça que olhos comuns não captam. Então decide fazer justiça com as próprias mãos (aquele velho clichê de sempre...).
O filme ainda tem um dos trailers mais legais que eu já vi.

- Ensina-me a viver (Harold and Maude)
É difícil explicar aqui o espírito bem incomum deste filme. Com trilha sonora inteira composta pelo cantor Cat Stevens, acompanhamos Harold, um garoto com tendências suicidas que encontra numa simpática e politicamente incorreta senhora, a graça da vida. Humor negro e drama se misturam num dos mais improváveis e divertidos romances já feitos no cinema.

- Como Enlouquecer seu Chefe (Office Space)
Uma grande crítica à vida ridícula e monótona nos escritórios de grandes empresas. Tudo começa quando Peter Gibbons, mais um desses funcionários que trabalham em cubículos, sofre uma hipnose para ter um momento de total e completo relaxamento em relação aos problemas do trabalho. Só que ele não acorda da hipnose e vai trabalhar assim mesmo...

- Menção Honrosa: Goonies
Sim! O filme da molecada que vai atrás do tesouro de Willie Caolho é cult até o talo. Mas como Laranja Mecânica, Blade Runner e Monty Phyton - Em Busca do Cálice Sagrado, é um filme au concour, levando em conta que fiz a lista privilegiando filmes não tão famosos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Insustentável Dureza do Ser

Sabe quando o Garfield reclama das segundas-feiras? Se ele trabalhasse numa porcaria de uma locadora então teria motivos maiores para um ataque de stress matinal. Agora, além de ser preguiçoso como o gato gordo, também peguei raiva do dia que começa uma semana na prática.


Segunda é o dia de arrumar toda a bagunça deixada pelo movimento do final de semana. Temos que arrumar prateleiras, dar baixas em filmes devolvidos, cobrar os relapsos que esqueceram de devolver os seus e até dar uma limpada no lugar.

E parece que deixaram uma bagunça de semanas para que eu começasse minha primeira segunda na nova RST com o pé, na porta. Se eu encontrasse O Massacre da Serra Elétrica junto com os filmes do Rei Leão não me assustaria.


Para nos ajudar, Eduardo e eu, foi recrutada uma garota chamada Ana, do turno da noite, que ganhou esse “castigo” por ter xingado o Luís.


-Por que você não foi despedida? – o Edu perguntou.

-Porque eu o xinguei com razão – Ana respondeu.

-Por que você o xingou?

-Não vou falar, mas não é isso que vocês estão pensando.

-Que modéstia, hein!

-Vê se te manca cara – ela disse.

Eles discutiram mais um pouco, mas eu caí fora porque não estava afim de ouvir porcarias.


No meio da arrumação, uma mulher começou a bater na porta querendo entrar.

-Hei! Johnny, vai lá falar com ela – o Edu disse.

-O quê eu falo? – eu disse.

-Não, deixe que eu vou – Ana interrompeu.

E ela foi.

-Pois não? – Ana começou.

-Eu queria pegar um filme – respondeu a mulher.

-É verdade? Achei que você estava procurando por tapetes!

-Hahaha, vai abrir ou não?

-Não. A gente está arrumando a locadora. Não sabe ler? – Ana indicou o aviso na porta.

-E daí? Já deu o horário de ela estar aberta!

-Então porque você não entra e...


E antes que a Ana continuasse, eu a interrompi para que quando o Luís voltasse, não encontrar corpos mutilados no chão da RST. A mulher pegou o filme e foi embora jogando pragas.

-Aí que raiva dessas pessoas que se acham donas de tudo – Ana disse.

-Mas qual era o problema dela pegar um filme? – eu disse.

-A gente estava fechado e pronto. Se todos ficarem abrindo concessões para todo mundo...

-Ela tá de TPM – Edu disse.

-Cala a boca meu, seu machista do caramba, uma mulher não pode ficar irritada?

-E porque você tá tão irritada? – eu disse.

-Essas pessoas que me deixam irritada!

-Imagine se você trabalhasse de garçonete ou de operadora de tele-marketing – eu disse.

-Ou de síndico – Edu acrescentou.

-É, essas pessoas, sim, ouvem muita merda.

-Não é isso. O problema é que as pessoas andam por aí todas irritadas pra lá e pra cá, xingando Deus e o mundo porque suas vidas são uma montanha bem grande de bosta estressante – Hehehe, ela falou assim mesmo.

-Olha quem fala – o Edu disse.

-Eu incluída né, cara!

-Você devia ficar no seu quarto, trancada, ouvindo The Cure e Joy Division chorando as pitangas.

-O que isso tem a ver meu?

-Você é muito pessimista.

-Não sou pessimista, sou realista – ela completou.


Agora eu acho que ela deve ler umas coisas tipo Schopenhauer e Nietzsche. Que uruca!


-Na minha opinião as pessoas ficam reclamando porque tem medo de sair de suas zonas de conforto e fazer outras coisas – Edu disse.

-Como assim? – ela perguntou.

-É que, não fazer nada e reclamar é mais cômodo, capisce?

-Nada a ver cara, as pessoas não têm o que fazer, o mundo não deixa que elas tomem seus próprios rumos.

-Você é que está insatisfeita em trabalhar em uma merda de locadora e fica botando culpa no mundo.

-Eu trabalho aqui porque eu quero, para arranjar uma grana – ela retrucou.

-Pra fazer o quê? – ele disse

-Pra viajar.

-Viajar? – eu disse.

-É cara, pegar uma mochila e sair por aí para conhecer pessoas e lugares. Ter uma experiência real de vida. – ela disse.

-Você não tem coragem... – Edu disse.

-Talvez não, talvez chegue uma hora em que eu desista, mas não tenho outra idéia em mente, por enquanto esse é meu objetivo.

-Que tal estudar em vez de ficar por aí vagabundeando?

-Não tô afim, e outra que eu posso depois da viagem escrever um livro e ganhar bastante dinheiro – ela diz mostrando um empolgamento envergonhado.

-Você já ta meio velha para ficar pensando assim, que nem uma adolescente tonta – Edu disse.

-Ahhh, falou o velho – Ana disse.

-Ô Ana, o que o Edu ta querendo dizer é que chega uma hora em temos que seguir as “regras”, entende, senão a gente se dá mal, essas merdas assim – eu disse.

-Pode ser, mas não temos que concordar com elas – ela completou.

-É... – eu disse.


Não tínhamos mais o que falar. Ficamos parados com nossas visões pessimistas de em mundo em que não passamos de mais três tijolos no muro. E ai do tijolo que se desgrudar! É bom que tenha asas, ou as compre!

Então o Luís chegou, nos viu e disse:

-Mal acabou o final de semana e já estão aí programando a festa do próximo sábado, né garotada?

-É... – suspiramos em uníssono.


Ministério da saúde adverte. Pensar muito faz mal a saúde. Se persistirem os sintomas, um bar deverá ser consultado.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A Mudança e as Listas de Sempre

Infelizmente a RST Vídeo onde eu trabalhava fechou. Outras lojas estavam fechando e a hora da minha segunda casa também chegou. A desculpa de sempre é que a pirataria está tomando conta da casas dos brasileiros cada vez mais e as locadoras têm um público cada vez menor. Pode até ser, mas ainda, felizmente, não é um estado tão alarmante, já que a RST Vídeo em que eu trabalhava tinha um fluxo até que razoável de locações, mas também não sou especialista no assunto então não tenho estatísticas à mão para expor fatos.
Mas eu fui transferido para uma loja maior e a antiga RST deve ter virado um bar ou uma lan house.


No novo estabelecimento, que agora usufrui dos meus árduos dias de labuta, eu começo umas dez da manhã e saio lá pelas quatro e meia, cinco da tarde. Como o meu novo chefe é bem sossegado e ele mesmo abre a locadora, tenho essa, digamos, flexibilidade de horário. E ele também não fica muito tempo por lá, e vai andar por aí gerenciando outras lojas da franquia e sei lá mais o que. Então posso dizer que pouco da minha rotina mudou, só uns dez minutos a mais de buzão.


Junto comigo, “abre” a locadora um cara chamado Eduardo que é bem quieto e gosta de zombar das piadas do Luís, o chefe, depois que ele sai, nas quais temos que demonstrar aquele profissionalismo dando uma risada de cortesia, mas quem não faz isso, não é verdade?


Continuando, o Eduardo tem esse jeito meio de saco cheio e fala somente o necessário para demonstrar o mínimo de simpatia comigo e com os clientes. O que para mim não é ruim, nem desagradável, porque eu sei o quê é ouvir merda várias horas por dia. Enquanto trabalhei na locadora menor tinha um cara que às vezes, nos horários com mais movimento, fazia turno comigo e que não sabia nada de nada e são essas pessoas que mais falam.


Nesses últimos dias essa foi a maior, senão a única, conversa que tive com o Eduardo:


- O quê que você está ouvindo? – eu perguntei.

-Oi?

Indiquei na minha orelha para sinalizar o fone, com jeito de pergunta.

-Ahnn. É Flaming Lips.


Parece engraçado, mas nunca conheci um pagodeiro que trabalhasse numa locadora. Parece me que é um emprego destinado à nerds ou roqueiros aposentados de suas bandas. É como jogador de futebol, acho que nunca ouvi falar de um que fosse fã de Slayer ou Megadeath.


-Hum, conheço pouco.

-Você não curte?

-Não, é que não conheço mesmo. Passou um show deles uma vez na MTV onde eles tocaram War Pigs e Bohemian Rhapsody, então por causa dessas músicas, eu acabei assistindo o show. Depois li que é uma banda bem conceitual e muito boa.

-E é mesmo, é uma das minhas favoritas.

-Acho que Bohemian Rhapsody é minha música favorita.

-Como assim? – ele perguntou.

-Como assim o quê?

-Cara, é quase impossível ter uma música favorita, música é meio que coisa de momento, então definir somente uma entre milhares é generalizar demais, você deve ter uma de cada estilo ou banda, pelo menos.

-È, pode ser, mas...

-Você as separa em posições?

-Não, nunca parei para pensar em um ranking, quer dizer acho que já, mas nunca chego em conclusão alguma.

-Mas é claro, né cara. Existem muitas músicas e você as ouve com muito mais freqüência do que vê um filme ou lê um livro. Às vezes você acaba em uma semana ouvindo bastante uma música e depois acaba até esquecendo dela.

-Mas eu também não fico ouvindo muitas e muitas músicas diferentes. Tenho minhas bandas preferidas e acabo ouvindo mais elas mesmo, mas às vezes dou uma fuçada para descobrir coisa nova. Quer dizer nova pra mim, porque o que eu mais ouço é música antiga.

-Porque só às vezes? – ele disse.

-Olha cara, algum tempo atrás eu procurava muita coisa, e ouvia muita coisa, porque eu tinha essa gana de saber muito. O motivo eu não sei direito, acho que eu gostava de ir atrás e ler sobre música, cinema e outras coisas. Ainda acho legal. Antes disso, quando era mais novo, um moleque, alguém mostrava ou falava de uma banda que eu não ouvia, eu invariavelmente falava que era uma merda. Depois fui ver que estava sendo meio tonto.


Pausa para atender um cliente.


-Uma vez – eu continuei – meu primo colocou para que eu ouvisse a Starway To Heaven, e eu comecei a ouvir aquela introdução com o violão e flauta e acabei dizendo que não tinha gostado e perguntei como aquela música poderia ser um clássico do rock.

-Putz, cara!

-É, eu sei, mas eu era ainda um jovem Padawan com muito a aprender e uma melodia mais bem elaborada no meio do barulho que meus ouvidos estavam acostumados me causou estranhamento. Estava numa fase Ramones e Nirvana.

-Mas depois você começou a gostar de Led?

-Muito, mas também não deixei de gostar de uma sujeira punk, mas só que menos. Porque como eu disse, comecei a ler, ouvir e ver muita coisa. Então fiquei meio perdido e só depois comecei a ver o que eu realmente curtia. O que também aconteceu com os filmes.


Assisti à vários filmes meio que como uma obrigação. Assisti filmes clássicos e famosos só para depois poder dizer que, eu tinha visto um filme da Marlyn Monroe ou do Alfred Hitchcock, entre outros. Acabei passando para frente pedaços de Apocalypse Now e Laranja Mecânica quando os assisti pela primeira vez. Eu sei que foi uma grande besteira, mas que depois foi reparada com a devida apreciação destes clássicos, um tempo mais tarde.

-Hehehehe, falou bonito. Mas então quais são os filmes que você mais gostou depois de tudo isso?

-Não sei bem. Tem uns que eu gosto muito, mas para fazer um ranking, eu acho que existem vários fatores a serem levados em conta.


Por exemplo, no caso dos filmes, você tem que assistir pelo menos três vezes a um filme para colocá-lo em uma lista de favoritos. Uma para conhecer, outra para rever e uma terceira para ter certeza. Aí sim você pode dizer que gosta mesmo dele. E eu acho também que você tem que diferenciar os seus favoritos e os que você acha que são os melhores filmes de todos os tempos, porque as pessoas às vezes se confundem com isso.

Às vezes você gosta muito de um filme que por muitos é considerado uma merda, mas é o seu gosto e pronto, acabou. Mas se você abre uma discussão de “Os Melhores”, as pessoas vão ter o direito de discordar.

-É verdade. Acho que eu vou tentar fazer minha lista de filmes – Eduardo disse.

-Pra passar o tempo?

-Também, mas eu acho que deve ser um bom exercício de introspecção.

-Hehehe. Você é da linha do você é o que você gosta?

-Não totalmente, mas acho que essas coisas importam um pouco na hora de definir nossa personalidade.

-Pode ser... Nossa, ficou meio Alta Fidelidade esse papo.

-Alta Fidelidade?

-É um filme baseado em um livro em que são discutidas essas idéias.

-Nunca ouvi falar.

-Pode anotar aí que é bom.

Aí a gente começou a fazer as listas, mas no final do dia não conseguimos chegar à um maldito veredicto, em nada.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Quando A Música Faz Muita Diferença - 2 - Sem Destino



Filme símbolo dos movimentos liberais e contra-culturais do fim dos anos 60 e começo dos 70 nos EUA, Sem Destino (Easy Rider) se tornou um dos filmes de maior saldo positivo de todos os tempos (teve um orçamento de cerca de 300 mil dólares e arrecadou mais de 50 milhões) e mostrou ao mundo como era impossível viver fora dos costumes e regras morais impostas pelas mesmas pessoas que se vangloriavam de viver num país livre.

A música que acompanha os créditos iniciais do filme, Born To Be Wild, caiu como uma luva aos motoqueiros, personagens principais do filme, e se tornou um dos maiores hinos do rock, porque quem gosta ou pelo menos conhece um pouco do bom e velho estilo das guitarras distorcidas, já ouviu pelo menos uma vez os gritos libertários do Steppenwolf.

Dá até vontade de pegar uma moto e sair à procura de si mesmo e de sentir a liberdade de não ter problemas e preocupações, que nos impeçam de ir e nunca mais voltar.


Vídeo:


Twin Peaks


"... e então né ... Vocês viram que a Dercy morreu?"



Nunca fui de seguir seriados.Ter que assumir esse compromisso televisivo de toda semana, em certo dia e horário estar na frente da tv assistindo e esperando por um longo desenrolar de meses de história, que aos poucos pode ficar cansativa, não é do meu agrado.Se diário o seriado, então se torna quase impossível perder um bendito episódio. Mas isso não quer dizer que nunca assisti alguns episódios de boas comédias como Two and a Half Men e That '70s Show e até assisti a primeira temporada de Lost. Um amigo me emprestou os dvds, na época em que o seriado era moda. Na segunda temporada fui perdendo o interesse, sabendo que teria ter que esperar anos até o fim da odisséia dos ilhados. Não tenho muita paciência para essas coisas.


Depois de ler em alguns sites e revistas sobre o seriado e sobre a obra surrealista de David Lynch, me interessei por Twin Peaks.
Seriado do início dos anos 90 que até alcançou uma boa popularidade na época de seu lançamento, tornando-se cult anos depois. Como me interesso por policiais e ficção (sou fã de Arquivo X. Este, junto com Chaves, que esqueci de mencionar, foi um dos seriados que mais assisti) e com o todo o alarde em relação ao seriado que prometia misturar mistério, investigação policial e devaneios imaginativos da mente perturbada de Lynch, resolvi alugar o box da 1° temporada de Twin Peaks.
Só assim mesmo para acompanhar um seriado. Só tinha feito isso quando aluguei duas temporadas de Arquivo X e uma do Batman Animated Series. Esse ato, além de tudo, ainda pode se tornar um desafio de resistência, mesmo gostando do que se está assistindo, para dar conta dos 1000 minutos, que geralmente compõem uma temporada de um seriado, em 5 ou 6 dias de locação.


O bom é que Twin Peaks é um seriado de apenas 30 episódios, o que deixa a história mais concisa, dividida em uma temporada de 7 (e um piloto) e uma segunda de 22 episódios.Essa divisão deve ter uma explicação, na minha opinião. A série começou a fazer sucesso e os executivos, da emissora que a produzia, quiseram alongar a segunda temporada. A mesma coisa que acontece com sagas milionárias que desenrolam suas tramas em vários filmes que vão perdendo a qualidade progressivamente.
Mas aí que a coisa foi pro brejo. David Lynch saiu no começo da 2° temporada e voltou para encerrá-la quando já era tarde.


A série gira em torno do assassinato de Laura Palmer, a garota popular da cidade, que é encontrada embalada em plástico e para investigá-lo o FBI manda o agente Dale Cooper. Com técnicas nada usuais e visões que vêm a ele em sonho, Cooper ganha confiança da polícia local e vai descobrindo que a cidade esconde muito por detrás de sua pacata fachada.
O melhor da série é a criação de personagens e situações bizarras que Lynch nos apresenta, sua especialidade, e isso se torna o charme do seriado.
Não é uma saga perfeita, mas acima da média e das mesmices dos seriados policiais.


Recomendações RST Vídeo, Filmes "Viajados”:

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
Eraserhead
Videodrome
O Grande Lebowski
Donnie Darko
Medo e Delírio
Akira
Tommy
Brazil - O Filme
Mas o troféu é de Naked Lunch com certeza!!!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Quando A Música Faz Muita Diferença - 1 - Apocalypse Now




Em alguns filmes as músicas que os acompanham não fazem muita diferença, estão lá só para realçar o clímax da cena, em outros se tornam o tema principal do filme. São poucos os que conseguem casar a música e a imagem criando cenas antológicas.
Pensei neste post enquanto assistia Apocalypse Now esses dias. Quem já assistiu ou já ouviu falar, sabe que se trata de um clássico incontestável e na minha opinião o melhor filme de guerra já feito, com uma trilha ótima. O filme mostra a guerra para os EUA como um playground, só que sem ninguém para tomar conta. Soldados surfam e se drogam, morrem e matam abandonados na guerra sem sentido. Assista-o.
A cena mais clássica do filme é o ataque dos helicópteros americanos a uma praia dominada pelos vietcongues ao som de Wagner. Não é só cinema, nesse caso é a dita sétima arte entrando em ação.
Depois irei postar mais dessas cenas, não as coloquei numa lista porque não sei quantas serão.

Vídeo :

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ben Hur e os X-Men Parte 2




Parte 2

Um cara estava no balcão.

-Tem o Motoqueiro Fantasma?

-Tem, está logo ali.

-E é bom?

-Mais ou menos. Eu gosto só de alguns filmes de heróis, porque eles não são muito fiéis as hqs.

-É que eles tem que fazer umas mudanças para deixar o filme mais estiloso.

-Eu discordo, o 300 é super fiel a graphic novel do Frank Miller e é muito estiloso. Uma das melhores adaptações que já fizeram.

-Eu acho que é X-men, você num gosta?

...

Os X-men junto com o Batman são meus heróis favoritos.

Quando eu fui assistir o primeiro X-men no cinema eu tinha uns 12 anos. Saí do lugar pensando assim:

“Putz, o quê eles fizeram com os X-men? Uma equipe bagunçada, com os personagens jogados numa equipe sem sentido. O Magneto querendo transformar a humanidade toda em mutantes? Cadê os uniformes que todo mundo sempre gostou? Tem gente que fala que se colocassem os uniformes originais deixaria o filme brega. Então não que fassem filme nenhum, como que você faz um filme de um negócio que você acha brega?”

Eu era um moleque. Um moleque decepcionado.

No começo da onda de filmes de heróis, os estúdios não se preocupavam tanto com a fidelidade do conteúdo original, que tantas pessoas gostam (esse um motivo pelos quais esses estúdios resolvem fazer estes filmes, não é engraçado?). E isso não só em filmes de quadrinhos, mas também com filmes baseados em jogos e seriados (alguém gostou daquele filme do Starsky e Hutch, mesmo sem levar em conta fidelidade com o original?). Fora as refilmagens...

É assim, os caras fazem a merda, ganham dinheiro e deixam bombas e fãs decepcionados por aí. E boa.

Agora tomara que com o estúdio da Marvel a coisa melhore como melhorou com Homem de Ferro e que o próximo filme do Batman seja tão bom quanto todos alardeiam.

-Eu não gostei nem um pouco do filme, não lembra nem um pouco quem são os X-men de verdade – eu disse.

-E daí? – o cara disse.

-Olha, eu vou levar o Ben-Hur mesmo, como é mais longo eu o passo em mais aulas, heheheheheh – a senhora disse.

-É, e vê logo o meu filme também – o cara disse.

Silêncio.

Então eu, triste, abaixei a cabeça e caminhei a para fora da loja.

-Ei, pra onde você tá indo? – o cara e a senhora disseram.

-Eu acho que vou formar uma banda de rock progressivo. A hora que vocês saírem, tranquem a porta fazendo um favor.

sábado, 21 de junho de 2008

Ben Hur e os X-Men Parte 1




Prólogo


-Fala seu Antenor!

-Como vai filho, tudo bom?

-Tudo. Vai alugar o que hoje?

-Não sei ainda, vou dar uma olhada.

Seu Antenor é um senhor muito gente fina, cliente aqui da locadora, que trabalha num escritório aqui por perto. Via no Globo Esporte, no meu horário de almoço, se o “Parmera” tinha perdido para poder zoar com ele quando ele passasse aqui em frente da locadora no seu caminho para casa.

-O que aconteceu com as fita?

-Agora, por ordens externas, agente só está trabalhando com DVD.

-Putz, mas num tem mais nada aí?

-Não, e provavelmente eles jogaram todos os VHS fora.

Então seu Antenor, triste, abaixou a cabeça e caminhou para fora da loja.

-Aonde o senhor vai?

-Acho que vou jogar bocha com os meus amigos.

Isso foi há uns meses atrás.


Fim do prólogo.



-Boa tarde, vocês tem o filme do Ben-Hur? – disse-me uma senhora.

-Sim, vou pegá-lo.

Então fui atrás dele

-Acho até que devia comprar este filme – ela disse.

-Você gosta muito dele?

-Não, é que eu passo ele na escola onde eu leciono. Amanhã vou levá-lo para minha turma da sexta-série.

Nossa. A tia vai passar o filme para a molecada da sexta-série. Como é ruim isso que ela está fazendo tanto para o filme como para as crianças, que são OBRIGADAS (odeio essa palavra) a assistir os filmes e documentários invariavelmente chatos que passam na escola. Isto faz com que as crianças associem esses filmes à chatice que é a escola e que estigmatizem-os a ruindades atávicas, quando elas não estão nem um pouco interessadas em apreciar um clássico como Ben–Hur, Lawrence da Arábia ou O Incrível Exército de Brancaleone. Não é qualquer dia, mesmo para um cinéfilo que se tem paciência para assistir um filme desses.

Esses dias vi na MTV, a Marina Person, numa ponta em um programa que não lembro bem qual era, recomendando a Festa de Babette como filme clássico. Nada contra o filme dinamarquês, mesmo porque eu nunca o assisti, mas sei que é bem conceituado, o problema é a aproximação. Na hora de comentar sobre o filme ela falou pouco sobre sua importância e só mostrou uma cena do filme em que uma moça serve o jantar para seus convidados. Para quem está assistindo e nunca ouviu falar do filme, aquilo não se passa de um filme sem graça e que a recomendação é uma baboseira “intelectualóide”. O que muitas vezes é. O dito entendido de cinema vai em um programa de TV e recomenda um filme europeu, fora de circuito só para se dizer culto.

É redundante e sem classe recomendar filmes como Poderoso Chefão? Eu acho que não.

-Não que eu queira me intrometer, mas a senhora não acha que Ben-Hur é um pouco parado para a criançada?

-Ah, mas as crianças devem aprender desde cedo a assistir clássicos.

-Eu entendo, mas é difícil que uma criança adquira este gosto assim, de uma hora para outra. A senhora não prefere levar Gladiador, e para quem se interessar, a senhora pode recomendar Ben-Hur ou Spartacus.

-Vou pensar, onde está o filme?

-Alí, naquela estante.

Um cara estava no balcão.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Vivendo e Não Aprendendo



"Você não vai sair daí enquanto não decorar a tabela periódica inteira !"


Estava estudando química orgânica, apoiado no balcão, quando um senhor que já tinha escolhidos seus filmes (ele pegou Meu Ódio Será a Sua Herança e Esqueceram de Mim! Juro !) chegou a mim e perguntou :
-O que você está estudando ?
-Química - eu disse.
-Hum... Eu nunca gostei de química, mas tem coisas que ainda me lembro dos tempos de escola. Mols, hehehehehe...
E com uma sonora gargalhada o senhor foi embora e fiquei pensando. Como esse senhor ainda lembrava de mols? Será que eu também vou me lembrar?
Quanto espaço cerebral eu poderia estar usando (quando a gente fica velho a memória vai ficando mais fraca, sabiam?) com outras coisas mais úteis? Eu lá quero saber com quem o Sr. Barão Ratão se casou? Quem Roubou a Cesta de Frutas?
Esses dias por exemplo, finalmente encontrei o nome de um filme que procurava fazia muito tempo. Imagina o tanto de tempo de pesquisas e perguntas que eu poderia ter salvo se lembrasse de cara o nome do filme que recordava com carinho. Era "A Fortaleza", filme que passou no Cinema em Casa do SBT há tempos atrás, em que bandidos mascarados (um até de Papai Noel) sequestram as crianças e a professora de uma escola do interior da Austrália. Cultura fútil mas útil para mim.
Quantas pessoas passam anos tentando lembrar daquela música que as fizeram dançar...
Quantas pessoas passam anos tentando lembrar daquele filme que as fizeram chorar...
Quantas pessoas passam anos tentando lembrar daquela piada que as fizeram rir...
Quantas pessoas passam anos tentando lembrar onde guardaram o telefone daquele amigo...
Quantas pessoas passam anos tentando lembrar no dia o aniversário da mãe...
Será que os fantasmas do Pitágoras e do Bhaskara (tive que pesquisar esse nome) vão me perseguir para o resto da minha vida? No período escolar temos que ser mestres em mais de dez matérias ao mesmo tempo. Tomara que o jeito de ensinar mude num futuro próximo...
E tomara que depois do vestibular eu esqueça grande parte dessas coisas e quando meu filho vier me pedir ajuda com a tarefa de casa vou dizer:
-Ô filho, deixa isso aí e vamo brincar, depois você pergunta para a professora.

O Drácula e os Anos 90



Sussegado numa tarde de quinta, apoiado no balcão lendo uma história do Homem-Aranha quando um cara mais-ou-menos da minha idade entra na locadora, se dirige ao balcão e diz :
-Estou procurando algum filme de vampiro.
-De vampiro ?
-É, tô lendo um livro de vampiro e queria assitir um filme com vampiros.
-Já viu os do Christopher Lee ?
-Não, não tem algum mais novo ?
-Tipo qual ?
-Eu gostei de Van Helsing.
Meu conhecimento de filmes de terror é vago e se restrige mais aos grandes clássicos (já até assiti e gostei do Frankeinstein com o Boris Karloff) e aos filmes do Jason, filmes mais "modernosos"de terror eu não conheço muitos, de vampiros então... O cinema alemão deve ter um segmento de filmes de vampiros mas que deve se restringir à algumas décadas atrás.
Para mim filme de vampiro é com o Christopher Lee e Bela Lugosi.
-Van Helsing, cara. Por que você não gosta dos clássicos já que está lendo livros sobre eles ? (hoje em dia quem lê por livre e espontânea vontade já é considerado culto).
-É que eu acho que eles são muito parados e mal-feitos.
Obviamente eu não concordo com a opinião dele, mas não vou vou entrar em uma discussão com o cara dizendo que filme não tem idade quando é bom, que ele pode perder histórias e interpretações muito boas por causa desse preconceito. É difícil usar esses argumentos com uma geração (que eu me incluo...) que assiste filmes com centenas de efeitos especiais por minuto.
-E o Drácula de Bram Stoker ? - eu disse.
-Já ouvi falar, mas não é muito velho ?
-Não, acho que é de 91 (é de 92).
-Vamos ver...
Peguei o filme, mostrei pra ele e falei que era do Coppola, o homem que fez Poderoso Chefão, e que tinha até o Van Helsing, só que um pouco mais velho (alguém já assitiu algum filme do Anthony Hopkins em que ele não esteja velho ?).
-Acho que vou levar esse mesmo - ele disse.
-Beleza então...
O cara estava achando que o Drácula de Bram Stoker era velho e era dos anos 90.
Quem sabe um dia ele ainda assista Nosferatu...

Recomendações da RST Vídeo, anos 90 :
Pulp Fiction
Hard Boiled
Clube da Luta
Os Suspeitos
Fargo
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes
O Balconista
Seven
Wayne's World
Forrest Gump

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Rainbow - A Fase Não-Dio


Muitos nem devem conhecer a banda Rainbow, formada por Ritchie Blackmore depois de sua saída do Deep Purple em 1974, mas o Rainbow teve um bom sucesso comercial no fim dos anos 70 e começo dos 80 e juntou duas lendas do metal, Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio. Esses sim deve ser mais conhecido por essa molecada de metaleiros viciados em Iron Maiden e que curtem tudo de metal melódico com refêrencias medievais e nomes difíceis para se mostrarem mais "cultos", mas esquecem de toda a participação que esses "medalhões" tiveram na concepção da música que eles agora ouvem. Mas deixa pra lá.

Continuando com o Rainbow, eu comecei a ouvir a banda por gostar muito do Blackmore e seu estilo de misturar blues, música clássica e riffs pesados no Purple. No Rainbow ele também fazia isso. Comecei ouvindo a fase do Dio porque todos diziam que esta fase era a melhor, e isso eu constatei e concordei depois de dar uma uma ouvida em outras músicas da banda sem o Dio que saiu da banda em 1978 (o primeiro cd é de 1975, o segundo de 1976, um ao vivo de 1977 e o último em 1978).
Esta primeira fase possui 3 cds excelentes, misturando músicas pesadas, baladas bem compostas, algumas mais comercias e descontraidas e algumas até soturnas.Um estilo parecido até com o Purple só com mais cara de banda de heavy metal mesmo.
Mas um dia desses enquanto arrumava as prateleiras (tudo mundo tira os filme de lugar nas locadoras, pega um vai levando na mão mas no caminho acha outro melhor e deixa aquele no lugar...), comecei a cantarolar uma música mas não sabia direito o nome. Parei um pouco e lembrei que era do Rainbow, de um cd duplo chamado Guitar Heroes (não, não tem nada a ver com o jogo...), era uma música com um riffinho de guitarra bem assobiável e um refrão grudento. Pu*# música legal...

Era Since You Been Gone do disco Down To Earth que logo quando cheguei em casa baxei e ouvi, desfrutando do som meio transitório, entre o som pesado do Dio e dos cds mais oitentistas do Joe Lynn Turner.
E nunca ouvi muito som oitentista, ouço No Easy Way Out por causa do Rocky 4, Don't You Forget About Me por causa do Breakfast Club (O Clube dos Cinco em português) e algumas outras mas nunca fui muito fã de sintetizadores, prefiros os velhos Hammond Organs, mas essa Fase Não-Dio é bem boa pra ouvir quando se está querendo ouvir umas baladas. E outra meu, acho que é por causa do Blackmore também, o cara é fo*#...

*(Mesmo o post chamando Rainbow - A Fase Não-Dio, coloquei uma foto com o Dio, porque foi a foto mais legal que eu achei do Rainbow e porque ela tem o Dio hehehehehe...)

Discografia do Rainbow

Critical Review: Inside Rainbow 1975-1979
2004
Catch The Rainbow: Anthology
2003
20th Century Masters: The Millennium Collection...
2000
Catch The Rainbow: A Tribute To Rainbow
2000
Very Best Of Rainbow
1997
Live In Europe
1996
Live in Germany '76
1994
Finyl Vinyl
1986
Bent Out of Shape
1983
Straight Between The Eyes
1982
Difficult To Cure
1980
Down To Earth
1979
Long Live Rock 'N' Roll
1978
On Stage
1977
Rainbow Rising
1976
Ritchie Blackmore's Rainbow
1975

Vida na RST

Há muito tempo livre nas horas de trabalho de um balconista de locadora hoje em dia, pelo menos no meu caso.
Com a mulecada baixando filmes ou assistindo-os até no youtube algumas locadoras foram abandonadas por parte de seus frequentadores e estas esquecidas pela nova geração encontram sustento com pessoas que não tem um programa definido ou não sabem mesmo o que assistir e vem procurar algum filme, de preferência lançamentos. Mas há ainda os clientes fiéis quem gostam de ficar horas olharando para a cara dos filmes e tirar suas listinhas do bolso.
Além de tudo isso, os papos desinteressantes dos frequentadores dessa locadora da onde humildemente vos escrevo, trazem à mim grandes momentos de ócio criativo.
São por esses motivos que eu resolvi criar este blog, para que eu possa aproveitar este tempo para escrever sobre filmes, música, livros,TV (sim, tem uma tv aqui...) e as coisas que acontecem por aqui.
Tomara que o meu chefe não descubra...